De quando em vez revisito textos de todas as épocas que tive o cuidado de arquivar. Muitas vezes, a intenção é revisar para publicar, pois como diria Sérgio Sampaio, "poesia na gaveta não adianta nada/Lugar de poesia é na calçada". Em outras tantas vezes, revisito somente para me deparar com meus próprios modos anteriores de escrita e refletir como posso aprimorar versos e prosas. Essa semana encontrei rascunhado em um caderno essa pequena poesia de uma memória olfativa das viagens que fazia na infância:
Olfato
a.n.s.i.e.d.a.d.e
na estrada
nomeando carros
como quem tece relação
com o mundo
sabia sempre
do destino perto quando
meu olfato infantil - inexperiente -
confundia no terreno diferente
o cheiro abafado
das fábricas, com carne
de hambúrguer na brasa.
na estrada
nomeando carros
como quem tece relação
com o mundo
sabia sempre
do destino perto quando
meu olfato infantil - inexperiente -
confundia no terreno diferente
o cheiro abafado
das fábricas, com carne
de hambúrguer na brasa.
(Vânderson Domingues, Julho de 2023)
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